terça-feira, 6 de setembro de 2011

Capítulo I

Em um Quarto Escuro   

'Outono de 642

Acordei de meu profundo coma, e novamente me vi nu, estirado como um animal, atado a fortes correntes. Nada me restou dessa vida eternamente miserável que possuo. Sem forças para continuar, sem honra, coragem, sonhos, vontades; sem amor. Um corpo vazio esperando a visita da morte, a qual está incrivelmente atrasada para mim.
Hoje uma espécie de euforia me tomou, um pressentimento, talvez. Nada perto das visões e previsões que outrora me acompanhavam. Como sinto falta daqueles dias de glória que vi. Agora estou fadado a apodrecer e ser esquecido. Vi impérios ruírem e nascerem de suas cinzas; vi pessoas me abandonarem e também abandonei outras tantas; vi a morte em muitos olhos e a vi com os meus.

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