terça-feira, 20 de setembro de 2011

Abriram passagem e arrastaram-me para dentro de um salão horrendo, repleto de defuntos. Muitos desfigurados ou faltando partes.
Naquele momento me senti finalmente aliviado; era chegada minha hora e eu me despedia deste mundo.
Depois de me amarrarem em uma mesa de pedra, os espectros saíram dando risadas e gemendo entre si. Apenas um distinto dos outros e encapuzado, ficou. Este era completamente aberrante; uma altura descomunal, protegido por uma bela armadura prateada e em posse dum enorme machado negro. Ele se aproximou da mesa e disse com desdém:
-Este é o poderoso vampiro que encarou a própria morte? Mande lembranças a ela! 
Assim desembainhou um comprido punhal o qual logo reconheci.
-Seu ladrão asqueroso! – berrei.
Imediatamente senti um golpe de força assustadora que deixaram minhas lembranças seguintes turvas e confusas. O aço frio entrava em meu peito perpetrando um corte mortal. E com grande destreza perfurou ainda mais fundo, arrancando-me o coração. Senti prazer em cada corte, cada incisão, feito por minha própria arma; tremi em êxtase. Estava morrendo e tão logo vieram trevas. Não saberia dizer o tempo que se passou, anos ou segundos poderiam ter transcursado. Não era algo como adormecer, não era nada. A eternidade do fim, um descanso puro e etéreo para uma alma corrompida.
  Então um raio de luz rasgou a débil escuridão que reinava. Houve uma explosão fazendo com que pedras e corpos se misturassem no ar. Senti que algo pesava em meu peito, como se segurassem meu próprio coração. Não havia sinal de meu algoz e meu punhal estava em outras mãos.

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