domingo, 29 de maio de 2011

Deveras

Entranhas queimam enquanto o hálito de fogo  passa e deixa sinais vívidos no que antes era algo inteiro. Assim fora intocável no começo, e inegavelmente puro, como a alma que se corrompe pouco a pouco ao ver todo o seu redor dançar aquilo que mais despreza e cospes em si por não haver revolta diante de tal. És tão culpado quanto como os que vê, cúmplice dos erros e defeitos mas visíveis. Estais só nessa jornada de mercenários e bruxas horrendas, entre espinhos e solidão, num berro a procura de entendimento e paz. Onde estariam as belas ninfas e dríades que rodopiavam a fogueira que construíste? Estupefato viste que todo o crescimento fora aparente e nem o amor tem sido completo diante do mundo. Mundo torpe, vil, irreal, hostil. Não era o plano, não espereis que ninguém se importe. Fim? Bem, querias que fosse. Mas nem fim o trará alento. O beijo antes doce, vira eterno sofrimento. A inocência chega ao fim, a dor; apenas começo. Deves ser forte, como sempre foste. Não só aparência, que tragicamente se desfaz em mil erradas conclusões, cheias de si, inteiramente vazias. Pedes clemência a  UM ser que desconheces, e busca plenitude no infinito. És tão sábio que quando notares a ausência do que mais precisa, é quando a terás perdido por completo. Negaria todo o seu eu por alguém? Não serias por tanto incapaz de ser? É como terminarás mais uma noite quimérica, só, perdido nas entranhas feridas por ti. Sonhaste; já passou. Mas a história não acaba, nem escolhes onde vais parar.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Aqui se abraça o inimigo como se fosse um irmão.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Imperfeito

Às vezes eu queria saber melhor como falar o que sinto. Fico preso naquelas frases que soam tão pueris. É um lado meu que confunde as pessoas mais próximas; talvez porque é com elas que sou mais eu. Pensei que dizer o que sinto era um sinal de fraqueza. Mas e se minha fraqueza for você?
Não vou desperdiçar o que temos por pequenas coisas, deslizes... a não ser que realmente estejam cheios de mim. Esse Trem que não tem nome (e por isso é tão especial) de repente apitou, partiu, e nos deixou para trás. Ficamos sem (nos) entender, sem norte, algo assim. Não sei mesmo pra onde ir. Só que nessa história continuamos um perto do outro, mesmo que distantes. A qualquer hora passa o próximo trem e aí? Não quero perder de novo. Não mesmo.

sábado, 21 de maio de 2011

When the music is over

Aurora chega e sinto frio
Espero, inerte, o fim.
Não há esperança para o coração vazio
Deito, só, sem mim.

Peço desculpa,
desminto,
Se tive culpa.
Nem sinto.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Innocence is Over.

Pensei em escrever sobre minha infância, descobertas, adolecência. Sem responsabilidade, falta de responsabilidade. Não me reconheço ou conheço; nem tenho pressa. E eu sei, nem vai mudar nada. Mas muda. Vivendo agora meus últimos intantes sem responder por meus atos, penso na lista das pessoas para liquidar (já com nomes riscados) que nunca fiz. Me presenteei com o que sempre quis, fui lá e pronto. Dois discos lindos. E daí que (quase) nunca vou escutar? Vou fazer isso todo ano agora. Lendo o que escrevi nos últimos três aniversários percebi quão poucas coisas a gente incorpora e traz para nossas vidas. E o resto, ficou em branco? Só ficam as escolhas, o caminho traçado e o que encontramos nele. Como é de costume, mostro como vejo a data que pensamos ser nossa. Parabéns, por quê? A parte do tudo de bom, felicidades, é mais compreensível. Apesar de serem desejos bem abrangentes. Mas eu não reclamo não, de tantos abraços, desejos, ligações e beijos. Aqueles velhos amigos reaparecem e por um segundo eu lembrei que já passei por muita coisa. Nem por isso me sinto mais velho, só amarrotado; é até melhor assim. É a hora certa para mudar, mas não sei se quero. Só se for sem perceber.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Só/mos/

A princípio, nada mudou.
Seguiu-se interrupção.
Não entendo o que sou.
Não sei quem são

Parecido, destoante
Presos num instante
Cansei, já foi.

Somos maiores, queremos além
temos pouco, louco, rouco.
Perdi a voz
tenho alguém.

domingo, 1 de maio de 2011

E o meu desejo se perdeu de mim.

Ó messias, dono de verdades irrefutáveis e estranhamente esmagadoras. Peço perdão nesta hora pois pequei. Pequei pois entre todos meus instintos (dos quais sei que és isento) me perdi em hedonismo e luxúria. Seis que lê o que se passa em meus profundos e sujos pensamentos de vil, mero mortal. Rogo por salvação e paz eternas, arrependido de meus desacertos, tão mal intencionados; agora percebendo meus apetites (e sua aversão, justificada pela pureza). Existir é penoso e fujo de sentir nas pequenas, pecaminosas e pertecentes à Asmodeus (onde certa hora pisarás) coisas.

Entretanto, discordo do discurso e necessito elucidação.

Fingir não se importar é aceitação.
Incômodo inerte implica conivência.
Ânsia é a sinceridade não consumada.
Diálogo engolido por nem tentar.
Ignorar é também fingir.

Sem querer sei que sentes.
Às vezes o não entender é que esclarece tudo.