domingo, 29 de maio de 2011

Deveras

Entranhas queimam enquanto o hálito de fogo  passa e deixa sinais vívidos no que antes era algo inteiro. Assim fora intocável no começo, e inegavelmente puro, como a alma que se corrompe pouco a pouco ao ver todo o seu redor dançar aquilo que mais despreza e cospes em si por não haver revolta diante de tal. És tão culpado quanto como os que vê, cúmplice dos erros e defeitos mas visíveis. Estais só nessa jornada de mercenários e bruxas horrendas, entre espinhos e solidão, num berro a procura de entendimento e paz. Onde estariam as belas ninfas e dríades que rodopiavam a fogueira que construíste? Estupefato viste que todo o crescimento fora aparente e nem o amor tem sido completo diante do mundo. Mundo torpe, vil, irreal, hostil. Não era o plano, não espereis que ninguém se importe. Fim? Bem, querias que fosse. Mas nem fim o trará alento. O beijo antes doce, vira eterno sofrimento. A inocência chega ao fim, a dor; apenas começo. Deves ser forte, como sempre foste. Não só aparência, que tragicamente se desfaz em mil erradas conclusões, cheias de si, inteiramente vazias. Pedes clemência a  UM ser que desconheces, e busca plenitude no infinito. És tão sábio que quando notares a ausência do que mais precisa, é quando a terás perdido por completo. Negaria todo o seu eu por alguém? Não serias por tanto incapaz de ser? É como terminarás mais uma noite quimérica, só, perdido nas entranhas feridas por ti. Sonhaste; já passou. Mas a história não acaba, nem escolhes onde vais parar.

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